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CAPÍTULO 19 - CONTROLE DO CAPITAL

     Para poder entender o restante desse módulo de Gestão de Capital, quero explicar agora um princípio extremamente importante, não só para o Forex, mas para sua vida financeira. Apesar de parecer clichê que você deve controlar seu patrimônio, e mais importante, ter um patrimônio, mesmo assim, essa parte é uma das peças chave para o entendimento sobre "Quanto Investir no Forex". Qualquer pessoa que deseje ser investidor, ou mesmo trader, precisa obrigatoriamente saber quanto tem de dinheiro, ou seja, necessita saber qual é exatamente seu capital, seu patrimônio.

     Seja o dinheiro que você tem na poupança, ou mesmo guardado em casa no colchão, ou ainda em títulos, ações, fundos de investimento, tudo que puder ser convertido em dinheiro em espécie de maneira rápida, ou seja, tudo que tenha a característica da liquidez, entra no seu patrimônio. Aqui não entram seu imóvel, ou seu carro, bens, joias, somente o que tiver liquidez. Isso é para poder aplicar corretamente os princípios de quanto investir no Forex, não envolve o controle completo de seu patrimônio.

     De posse dessa informação, quanto você tem de capital, dinheiro aplicado ou guardado, você terá uma noção real de quanto pode investir no mercado de câmbio, de quanto vai mandar para a corretora. O valor exato de quanto você pode deixar na sua conta você saberá no próximo capítulo, mas já fique sabendo que será somente uma parte de seu patrimônio.

 

NÃO EXISTE TRADING SEM CAPITAL

 

     O título é autoexplicativo, afinal, não dá para operar se você não tiver dinheiro. Há quem alegue que existem corretoras que oferecem bônus, mas sem querer me aprofundar, saiba que as empresas fornecem esses ‘cavalos de Tróia’, chamados de bônus, apenas para que você desenvolva hábitos ruins de trading. Ao exigirem dos clientes condições desfavoráveis para que o dinheiro possa ser sacado, tipo dobrar a conta, ou operar uma quantidade de lotes alta, ela leva o trader a ter atitudes que não estão alinhadas ao sucesso, como abrir muitas ordens, e até mesmo o fato de render 100% de algo em pouco tempo. Ou seja, tudo errado.

     E se o cliente conseguir atender aos critérios e poder retirar o bônus, ele ficará tentado a mandar mais dinheiro e replicar o que fez com o “presente”” da corretora. Pois se dobrou aquela quantia, pensará que pode muito bem repetir o feito, só que agora com mais dinheiro, dinheiro de seu próprio bolso. Mandará mais capital para a corretora, e por querer operar da mesma forma que outrora, acabará inevitavelmente perdendo tudo. Afinal, a maneira como agiu para dobrar o bônus é errada e contra os princípios básicos do sucesso, e tudo que vai na contramão dos princípios, leva ao fracasso.

     Tenha um capital, não dependa de bônus, muito menos de empréstimos. Essa é outra praga que vejo em algumas ocasiões. Pessoas totalmente despreparadas financeiramente que tomam dinheiro emprestado para poderem enviar para a corretora e assim conseguirem operar. Esse tipo de iniciante já vem para o mercado sem o mínimo de uma educação financeira básica, e ainda pensa em ter sucesso. É a mesma coisa de um estudante querer ser médico, mas não saber que para viver é preciso de oxigênio, que sem água todos morreriam, ou ainda não ter a mínima noção de biologia básica do ser humano. Ou então um aluno querer entrar em uma faculdade de engenharia, mas ter dificuldades de somar e subtrair, deixando para aprender isso na universidade. Não dá, tem coisas que temos que aprender antes de partir para o aprendizado real. E educação financeira básica é requisito fundamental para ser um trader/investidor de sucesso.

     Aqueles que não têm patrimônio algum, que não dispõem sequer de uma fonte de renda, aqueles que querem depender de bônus, ou pior, de dinheiro emprestado, e ainda aqueles cheios de dívidas que vêm para o mundo do trading querendo ‘mudar de vida’ e pagar suas contas, todos, eu disse todos irão perder até o que não têm, e serão massacrados pelo mercado. Sairão sem nada, ficarão desolados, e isso os atormentará, enquanto não mudarem de mentalidade.

     Nesse capítulo eu quero preparar você para dar os primeiros passos (se é que já não tenha começado) e poder entrar no Forex com a mentalidade financeira correta, com um patrimônio sólido, e sem depender de terceiros, bônus ou empréstimos. Ao seguir os passos aqui apresentados, você já entrará na corrida do trading na pole position, com uma vantagem sobre a grande maioria que não entende o básico da educação financeira. Mesmo que você já seja alguém financeiramente estabelecido, esse conteúdo é importante para que revise conceitos. Será essencial você estar com as ideias deste capítulo frescas na mente, para poder entender o que virá no capítulo seguinte. Então, Let’s move on...

 

O CAPITAL

 

     Tudo nesse capítulo será direcionado para você ter seu capital, isto é, poder ter um patrimônio que seja a base para saber como investir no Forex a partir dele. Cada passo a seguir irá te orientar no processo de construção de um montante financeiro que te permitirá ter ‘bala na agulha’, munição para operar no trading.

 

Tenha uma Renda

 

     Sem uma forma que coloque dinheiro no bolso, não há como termos o capital. Todos os que desejam ter sucesso operando nos mercados têm que pagar o pedágio de depositar uma quantia na corretora, do contrário não terá como operar. Então, para que você possa ter esse capital para começar e continuar operando, há duas formas: ou você ganha esse dinheiro, seja através de uma herança, na loteria, contando com a sorte; ou você trabalha e tira de seus rendimentos o dinheiro para poder entrar do "jogo", onde participam grandes players e milhões de pessoas ao redor do mundo.

     Muita gente quer começar a investir e operar com pouquíssimo capital. Isso é até recomendável, como você viu no capítulo que fala das fases do caminho do trader iniciante, em que uma delas é mandar um capital menor para a corretora e ir sentindo o mercado, com um risco mínimo do mínimo. Mas veja, esse valor mencionado no capítulo das fases do trader iniciante, ele deve ser apenas uma parte do todo, um pedaço do seu patrimônio financeiro, que você está aprendendo a montar.

     O problema é quando se coloca as expectativas de independência financeira em um capital pequeno, pois assim vários problemas virão. Uso de lotes muito altos e excesso de operações são os maiores vilões de quem quer ficar rico rápido começando com pouco dinheiro. Se você trabalha e aufere rendimentos constantes, siga os próximos itens do passo a passo para poder prosseguir na construção de seu patrimônio.

     Não trabalha?! Então continue estudando os mercados, se aprofunde em gerenciamento de risco, vá treinando sua estratégia. Só não queira pegar um empréstimo, ou o valor da rescisão do contrato de trabalho, depositar na corretora e achar que nunca mais vai precisar de patrão. Ah, aproveite e busque uma vaga no mercado de trabalho! Não há destaques suficientes para dizer o quanto é crucial você ter dinheiro entrando, se quiser montar seu patrimônio. Não dependa da Mega Sena, nem de ser chamado para programas de televisão, nos famosos reality shows. Vá à procura de emprego!

     Ou você pode também querer montar um negócio, mas até para isso a maioria exige um capital inicial. Existem alguns ramos que você investe uma pequena quantia para comprar um kit de vendas, e sai de porta em porta oferecendo esses produtos. Eu já tive uma experiência em que eu oferecia perfumes que me custavam 50% do preço final, e eu acabava ganhando o dobro do valor do custo. Eu precisei apenas comprar um kit com algumas amostras, uma certa coragem de visitar estabelecimentos diversos e oferecer meu produto para as pessoas presentes. Cada venda era uma alegria, pois eu estava ganhando o pão, trabalhando, e podendo melhorar de vida. O que me chamou atenção nesse setor foi o baixíssimo valor para poder ter uma renda. Eu gastei com o kit das amostras, e quando havia pedidos eu me limitava a vender só o que poderia comprar. Não vendia ‘fiado’, era tudo à vista para evitar calotes. No dia da entrega eu avisava para a pessoa ficar preparada, pois quando chegasse lá, eu entregaria o perfume e receberia o pagamento. Alguns desistiam, eram poucos, mas como o produto estava comigo, eu simplesmente oferecia a outras pessoas.

     O resultado era surpreendente. Havia meses em que eu ganhava mais de R$ 2000,00 reais de lucros líquidos, vários salários mínimos na época, trabalhando algumas horas por dia. Como eu era muito jovem, não soube administrar direito naquele momento, e não pude aproveitar ao máximo minha disciplina nas vendas. Mas me serviu de lição e aprendi o que deveria fazer.

Já recebi muitos relatos de pessoas que ou ficaram sem emprego, ou queriam sair de seus trabalhos e ficar vivendo apenas com os lucros do trading. Com minha experiência pude orientar todos a não desistirem de querer ter uma renda constante, mesmo que fossem operar no Forex. Ou seja, eu sempre dou o conselho de permanecerem nos empregos; e para os desempregados, eu os oriento a procurarem um trabalho, e assim poderem manter o dinheiro entrando. Ter renda é essencial, não só para viver e pagar as contas, mas também para montar o patrimônio.

     Assim, ser um trader profissional e trabalhar em um emprego ou negócio próprio não são conceitos conflitantes, mas sim complementares. Podemos e devemos estabelecer metas para que no futuro não precisemos mais nos submetermos a um trabalho regular, ou mesmo a todos os dias nos preocuparmos com um negócio próprio: isso se chama independência financeira. Mas até lá, se você deseja operar e investir, então trabalhar e ser trader devem ser feitos juntos. Um não exclui o outro, são codependentes e complementares.

     Como você viu, não se faz trading sem capital, ao menos não o trading correto, o trading levado a sério. Então se você não recebeu uma herança, ou se não ganhou na loteria (não recomendo, as estatísticas são cruéis), então só resta trabalhar. O trabalho dignifica o homem, e na Bíblia diz que quem não quiser trabalhar, que também não coma. Não quero colocar como uma obrigação no sentido ruim, mas como uma necessidade da qual nem eu, nem você, estamos livres. Mantenha seus objetivos claros, e se quiser ser independente financeiramente algum dia, até lá precisará trabalhar, gerar renda, viver.

     Esqueça logo a ideia de pagar contas regulares com os resultados do trading agora. Eles são extremamente variáveis. Se você ainda não sabe, é plenamente possível ter lucros excelentes em um determinado mês, e logo em seguida passar um ou mais meses só perdendo dinheiro ou estagnado, e mesmo assim estar buscando o sucesso. É perfeitamente normal ganhar por um ou mais anos, e depois passar 12 meses e não fechar positivo ao final do período.

Nesses casos, como pagar as contas que vêm mensalmente? Como manter-se pagando a internet em dia até para poder operar? Como comprar comida? Como pagar a escola dos filhos? Será que vai ligar para as empresas e pedir para adiar os boletos? Vai pedir para a concessionária de energia ir segurando as contas até que tenha algum mês positivo? Interessante que a resposta para muitos já está na ponta da língua: usar os ganhos acumulados, para poder fazer esses pagamentos.

     Esqueça essa de que os lucros anteriores seguram as pontas nos meses ruins, isso é papo de amador. Os profissionais conhecem de juros compostos, como você estudou no capítulo sobre o segredo dos vencedores, e sabem que retirar dinheiro durante a fase de crescimento do patrimônio prejudica muito o desenvolvimento do capital. A curva exponencial dos juros compostos só é íngreme o suficiente se o capital for deixado intacto, só havendo interferências em épocas de crises realmente grandes, casos fortuitos e forças maiores. E retirar lucros para pagar contas, algo corriqueiro, destrói toda e qualquer chance de ter resultados expressivos, os quais levam tempo até serem alcançados.

     Portanto, o segredo aqui é ganhar dinheiro de uma ou mais fontes de renda (de preferência mais de uma), e acumular patrimônio, enquanto desenvolve seu capital através de suas operações. Suas contas? Pague com os rendimentos de seu trabalho regular. Esqueça o trading para isso! Afinal, você quer ser ou não um profissional? Como disse, quem realmente faz dinheiro no trading não fica saqueando seus lucros para pagar a conta de luz ou de água. Isso mesmo, retirar dinheiro do capital pra pagar contas é saquear, prejudicar, atrapalhar seu sucesso.

 

Gaste Menos do que Você Ganha

 

     Um dos princípios básicos de quem quer ser independente financeiramente é primeiro ter um capital que possa 'trabalhar para você', como vimos no tópico anterior. Esse capital deve ser acumulado primeiro com seu trabalho regular, e deve ser ajudado pela rentabilidade conseguida com suas operações, já vimos isso. Mas em relação a aumentar seu patrimônio através dos ganhos com o seu emprego ou negócio (sua fonte de renda) é preciso que você saiba manter suas despesas sob controle, do contrário, terá mais problemas do que imagina. Se alguém não consegue gastar menos do que ganha, sempre estará endividado.

     Essa pessoa precisa urgente resolver sua vida financeira, buscar meios de baixar seu custo de vida, para que fique dentro de suas possibilidades. Só assim vai sobrar dinheiro para o próximo passo. A chave é viver dentro de suas possibilidades. Se você ganha R$ 1.000,00, não pode ter despesas de R$ 1.200,00. Se ganha R$ 5.000,00 mensalmente, precisa se manter gastando menos do que isso, ou passará de aspirante a trader/investidor para pessoa endividada. Após estudarmos o princípio mais importante da educação financeira, que é ter uma renda, o segundo mais essencial é esse: gastar sempre menos do que seus rendimentos.

     A palavra aqui é frugalidade, significa viver dentro de suas possibilidades, sem luxos ou excessos que prejudicariam suas finanças. Esse é um assunto muito espinhoso, pois a grande maioria das pessoas vive no limite. Sempre sobra mês no fim do dinheiro, ao invés de sobrar dinheiro no final do mês. Escuto muito isso.

     O estímulo ao consumo desenfreado desencadeou na sociedade atual uma necessidade de ‘ostentar’. Muitas pessoas querem comprar coisas que não precisam, com dinheiro que não têm (cartão de crédito), para impressionarem pessoas que não conhecem, a fim de mostrarem ser uma pessoa que não são. Esse é o famoso ‘consumismo’, o ato de comprar coisas sem necessidade, para objetivos não essenciais.

     Se você quer ser um trader de sucesso, o primeiro passo é aprender a educação financeira básica, e entre os ensinamentos aqui passados, um deles é o de desenvolver a disciplina de se manter dentro de seu orçamento. Não tem um orçamento? Então vamos aprender a fazer um. Pois como disse William Edwards Deming, “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.

 

Defina Claramente suas Receitas e Despesas

 

     Saiba quanto você ganha, essas serão suas receitas. Depois faça um relatório de tudo que você gasta no mês. Para você ter controle do seu orçamento é preciso que você o tenha anotado, registrado em algum lugar. Pode ser em papel ou em um aplicativo, ou então o que eu mais indico: em uma planilha do Excel. Na verdade, o orçamento é o planejamento inicial das suas finanças, seja mensal, semanal, quinzenal ou anual, mas suas despesas diárias devem ser anotadas no que chamamos de Fluxo de Caixa, um simples registro de tudo o que entra e tudo o que você gasta.

     Ambos podem estar em uma mesma planilha, em uma aba você faz o seu orçamento, em outra aba você coloca as suas despesas, o seu Fluxo de Caixa. Esse Fluxo de Caixa tem que ser alimentado diariamente, a cada gasto que você fizer você precisa anotar. Entrou ou saiu dinheiro? Anote.

     Com o seu orçamento devidamente planejado você saberá o limite de cada item, de cada despesa. Por exemplo: aluguel R$ 1000, plano de saúde R$ 1500, parcela do financiamento do carro R$ 900, academia R$ 100, internet e televisão R$ 250, Alimentação R$ 1500, Transporte R$ 500 e por aí vai. A partir destes limites é que você vai saber se já está perto ou não de atingi-los à medida em que anota as suas despesas no fluxo de caixa.

     Faça uma tabela na planilha e a cada linha anote data, despesa, valor da despesa, forma de pagamento, e o item a que ela se refere. Por exemplo se você faz uma compra no supermercado, então esta despesa vai para o item “Alimentação”. Se você sai para o cinema esta despesa pode ir para o item “Lazer”, e assim para cada campo do seu orçamento.

Abaixo trago um exemplo simples, mas bastante prático de como você pode organizar seu Orçamento e seu Fluxo de Caixa para manter suas despesas bem organizadas.

 

Orçamento

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Fluxo de Caixa

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     Você pode acompanhar que a cada despesa realizada o Fluxo de Caixa foi atualizado, e o saldo foi sendo descontado. Quando entrava uma receita, ela era somada ao saldo anterior. Quando uma despesa chegava ao limite pré-estabelecido, esse aviso era incluído na tabela, em observações, para que a pessoa soubesse que aquele item não poderia receber mais despesas. Por exemplo, quando o item Alimentação foi esgotado, caso uma nova compra no supermercado fosse realizada, já seria possível imaginar que o saldo final do orçamento ficaria negativo.

Algo interessante no exemplo acima é que inicialmente foi planejado gastar R$ 600,00 com Transporte, mas ao final do mês não houve necessidade de passar de R$ 400,00. Essa economia de R$ 200,00 foi suficiente para cobrir os gastos a mais realizados com Lazer, efetuados na viagem à praia, e mesmo assim o saldo ao final terminou conforme planejado, isto é, tudo que foi recebido, foi utilizado.

     Sim, ficou bem destacado ali o item investimento como uma ”Despesa”, e ainda nesse capítulo você entenderá o porquê disso.

     Resumindo: Saiba quanto você ganha; em seguida planeje inicialmente quanto você pretende gastar no mês em cada categoria de despesas. A diferença entre as receitas e as saídas previstas deverá ser zero. Depois anote devidamente item por item do que você for gastando diariamente, e vá abatendo este valor de cada campo do seu orçamento, para saber quando chegar perto ou então ultrapassar este limite fixado por você no planejamento.

     Quando se aproximar o final do mês você vai ter uma noção se já ultrapassou o limite ou se está exatamente em cima, e aí você saberá que não pode mais gastar. Ou então você pode ter ultrapassado o limite talvez por displicência e também sabe que não pode mais gastar naquele item. Caso surja uma real necessidade de ter gastos em itens com o limite atingido, você precisa entender que vai tirar de outro lugar. Talvez em alguma despesa na qual ainda haja mais espaço até atingir o limite, ou então você vai ter que sacrificar em outro local do seu orçamento.

     Importante salientar que na hora de montar o orçamento, tente deixá-lo flexível para possíveis alterações durante o mês. Quantas vezes você deixou de separar um dinheiro para extras e durante o mês de repente lembrou que tem um aniversário para ir e precisa comprar um presente? Você de repente vê que o valor do presente não estava previsto e provavelmente esse item extra vai ultrapassar aquilo que você planejou. Por isso sempre é bom deixar uma margem para mais. Se você separa por exemplo R$ 300 para extras, deixe 350/400. Mas se seu orçamento é apertado para deixar cada item um pouco mais flexível, você precisa rever os seus gastos, porque ficar exatamente em cima de cada item é muito arriscado. Nesse caso é muito fácil acontecer de ultrapassar o limite da despesa e acabar entrando no cheque especial ou mesmo utilizando o cartão de crédito. Caso isso aconteça você está indo na contramão do que é prudente para suas finanças.

     Portanto, saiba primeiramente planejar o orçamento, entenda a importância de ter tudo registrado, tenha a disciplina de anotar cada despesa, e verifique constantemente sua planilha para ver onde está gastando mais e onde pode precisar alterar e ter flexibilidade. Dessa forma você chegará ao final do mês dentro do planejado, o que é um cenário ótimo e bom para seu objetivo financeiro na construção de seu capital.

 

Cortando Gastos

 

     Manter os gastos dentro do orçamento é algo necessário, mas muitas vezes difícil de conseguir. Nessa parte do capítulo vou trazer dicas que me ajudaram muito na hora de segurar a onda, diminuir despesas onde realmente fazia sentido, e que me levaram a buscar ao máximo me manter disciplinado. Se você for uma pessoa ‘gastadora’, ou se o seu orçamento está sempre apertado, não tenho dúvidas de que essas recomendações serão extremamente úteis.

     A primeira dica é: ataque as despesas maiores. Após alguns meses registrando tudo no Fluxo de Caixa, você saberá exatamente onde está sendo seu maior ralo, aqueles itens que mais têm consumido seu dinheiro. Trabalhe firme nos 3 maiores itens em que é possível haver diminuição no valor, faça o possível para reduzi-los, não é hora de moleza, seja forte. Corte aquele streaming que você quase não usa mais; ligue para a operadora de cartão para cancelar ou diminuir a anuidade; vá a supermercados mais baratos, ou procure comprar coisas em atacadões (não exagere na quantidade - não faça muito estoque).

     Se gasta muito com transporte, veja a possibilidade de trocar de carro, comprando um mais barato e reduzindo IPVA e seguro. Ou dependendo da situação, veja se é realmente necessário ter um carro. Para aqueles que dispõem de dois veículos, avalie a real necessidade de ter ambos. A venda de um pode desafogar você fortemente. Negocie seu aluguel com o locador, ou ao menos brigue para não ter ajustes. Se tem casa ou carro financiado, repense essas despesas. Tudo é melhor sempre comprando à vista. Mude seu plano de saúde para uma opção mais barata, como por exemplo alterar de apartamento para enfermaria, se puder, claro. Compre medicamentos genéricos, se seu médico liberar. Use os programas do governo acessíveis a sua situação, como o Farmácia Popular, por exemplo, em que há vários medicamentos gratuitos, para hipertensão ou diabetes, apenas para citar alguns.

     É um processo difícil, ninguém disse que ia ser fácil. Mas pense que está construindo seu futuro, e que seu “eu” de alguns anos à frente precisa de você agora. Isto é, imagine-se daqui a 5 anos pensando “Poxa, como eu poderia ter economizado nisso ou naquilo. Estaria bem melhor agora!”. Talvez você até já esteja pensando nisso nesse momento, tipo, por que não fez tudo isso 5 anos atrás. Não se lamente, levante a cabeça a aja, agora. O cartão de crédito está prestes a ser aliviado nas parcelas das compras? Então seja firme e não complete ele novamente. Não dê vez à lei de Parkinson, a qual explico mais à frente.

     Uma dica poderosa que dou para você criar a mentalidade necessária para desenvolver o hábito de gastar menos é a seguinte: pense que se tivesse uma redução forçada de salário, você teria que sacrificar alguma despesa obrigatoriamente. Então haja como se tivesse acontecido essa redução, e use o dinheiro que ficou sobrando para investir. Seu futuro agradecerá.

     Caso você receba algum aumento de receita, seja no seu salário, ou ainda uma renda extra, contenha o ímpeto de acrescentar mais despesas nessa folga que está tendo. Esse é um dos piores erros que nós cometemos quando não estamos habituados a poupar. Um aumento no salário mínimo e suas receitas ganham uma folga, então segure a tentação de mudar o plano de internet para um mais rápido, se isso não for extremamente necessário. Se conseguiu uma renda extra, seja você mesmo, ou através de alguém da sua família que quer ajudar nos seus projetos em conjunto, seja forte e impeça seu “eu gastador” de querer agora comprar um carro melhor, pior ainda se for financiado. Fuja de dívidas!

     A lei de Parkinson basicamente fala que quando se cria um espaço, a tendência é aquele espaço ser preenchido por algo. Em várias coisas na natureza podemos observá-la; por exemplo, se algo cair numa floresta e criar um buraco, com o tempo aquele espaço tende a ser preenchido naturalmente com terra ou outro material trazido pelo vento. Imagine uma casa abandonada, também muito provavelmente será preenchida por vegetação. Quando um espaço surge, há uma tendência de ser preenchido de forma automática, ainda que leve um certo tempo. Se houver uma brecha a mais no seu orçamento, ou no cartão de crédito, advinha quem será o agente preenchedor? Isso aí, você mesmo vai encher esse ‘vazio’ com novas despesas. E assim o ciclo nunca se encerra, pois o hábito de preencher os espaços já existe, e qualquer novo aumento de receita será o gatilho para que mais despesas sejam feitas, ocupando aquele novo espaço no orçamento.

     Se algo não for feito deliberadamente por você, esse hábito se perpetuará, e pior, passará de geração para geração, pois os filhos tendem a manter os hábitos vistos em casa. Se quiser mudar o rumo de sua vida financeira, mude de hábitos. Quando uma receita surgir, ou seu salário aumentar, freie a intenção de aumentar os gastos. Os exemplos do que pode gerar essa tentação eu já mencionei, portanto agora você já sabe onde será mentalmente atacado, cabe a você ser forte e evitar incluir esses novos sugadores de dinheiro do seu orçamento.

     Se você está em uma situação de descontrole financeiro, se é casado(a), e principalmente se tem filhos, sente com eles e converse sobre dinheiro. Isso não é errado, pelo contrário, é altamente recomendável. Explique que precisa fazer mudanças na rotina de vocês. Presentes caros, nem pensar. Extras desnecessários, fora de cogitação.

     Porém... não exagere, obviamente isso é ruim. Não passe a comer somente miojo, sua saúde e da sua família é prioridade, pois ninguém imagina o quanto é ruim ficar doente até que fique. Cuide-se e cuide dos seus. Ou por exemplo ficar sem dar descarga para economizar água. Higiene também é saúde, não use a necessidade de economizar como desculpa para hábitos ruins. Mantenha hábitos bons, ao mesmo tempo em que economiza. A palavra aqui é equilíbrio. Ao conter excessos, certamente você será bem-sucedido nos seus objetivos financeiros do orçamento, isto é, conseguirá poupar e montar seu patrimônio. Uma vez que conseguir uma folga, esse valor você vai poupar.

     Mas não exagere a ponto de faltar o básico. Como disse, cuide de você e dos seus próximos. A vida ficará chata se você não aproveitar, nem que seja um mínimo possível. Um passeio, uma viagem econômica, uma pizza no fim de semana, um sorvete com os filhos, uma visita aos seus pais/avós. Dependendo de como for feito, é algo que dá aquele gostinho de aproveitar as pequenas coisas da vida com as pessoas que amamos. Repito, o que não dá são os exageros. Vai visitar seus familiares? Sua presença é o que eles querem, e não presentes caros. Vai levar os filhos para passear? Mais uma vez, sua presença e atenção é o que eles mais desejam, especialmente em um mundo tão digital e cheio de afazeres para te distrair. Ficar um tempo com seus filhos e cônjuge é crucial, mas não é desculpa para comprar presentes caros em uma tentativa ineficaz de cobrir sua falta por passar muito tempo no celular.

     A vida é curta, aproveite. Mas também a vida pode durar bastante, que é o que queremos, então preocupe-se com o seu futuro, e contenha os excessos do agora.

 

Poupe Regularmente a Diferença

 

     Uma vez que se consiga gastar menos do que se ganha, você atingiu o patamar de uma condição economicamente ideal, e assim uma diferença positiva vai sobrar no orçamento. Essa diferença precisa ser guardada, poupada. Não se pode querer gastar menos do que se ganha, para depois querer gastar a sobra com algo 'de presente'. Se assim for feito, na verdade não se gastou menos, se gastou tudo que tinha, ou seja, foi tudo ilusão.

     Uma dica para poupar essa diferença, sem cair na armadilha de gastar o dinheiro, é guardar já no ato de recebimento da renda. Para isso você precisará de um planejamento antecipado de quanto pretende gastar no período, e aí, sabendo disso de antemão, antes de iniciar o mês já guarde esse dinheiro em algum lugar difícil de ser acessado por você mesmo. O próximo passo vai te dar um norte nesse quesito.

 

Invista o Dinheiro Poupado em Ativos Geradores de Renda

 

     Existe uma coisa chamada passivo, e outra chamada ativo. Passivos são bens que consomem dinheiro, como carro, casa, cachorro, e bens móveis. Sem querer entrar no mérito se algo é necessário ou não, tais itens simplesmente exigem que se gaste uma quantia constantemente para que seja mantida. Ou seja, podemos escolher ter passivos, mas precisamos saber que eles irão consumir, e não gerar renda, por isso o equilíbrio é importante.

     Já os ativos são o inverso, são bens que em vez de consumir recursos, te proporcionam rendimentos. Adquirir um ativo vai fazer com que mais dinheiro entre na sua conta, ao invés de sair. Exemplos são os títulos de renda fixa pagadores de juros, cotas de fundos imobiliários que geram aluguéis aos seus possuidores, ou mesmo ações pagadoras de dividendos. É esse tipo de aquisição* que deve ser o foco do dinheiro que você poupa regularmente. Portanto, essa diferença que sobrar entre o que você recebe e o que você gasta, precisa ser usada para adquirir ativos.

 

     *Não é para investir nesses ativos em específico, mas sim estudar esse tipo de investimento, e optar pelo que mais estiver de acordo com a sua realidade.

 

     O dinheiro separado no seu orçamento tem destino, investir em coisas que te paguem, que coloquem dinheiro no seu bolso. Isto tem uma implicação simples: se após algum tempo separando dinheiro, fazendo todo o esforço para poupar, você gastar esse valor em um carro, por exemplo, você irá minar seus esforços, pois adquiriu um passivo, que consome recursos, e não um ativo, que te pagaria rendimentos. É a mesma coisa de economizar determinado mês, e já no mês seguinte usar esse dinheiro para comprar algo pelo seu esforço. É a mesma coisa!

     Repetindo o que mencionei antes, não que você não deva comprar um carro, caso precise, mas esse dinheiro separado do orçamento é para você investir. Se quiser poupar para um carro, faça reservas diferentes. Isso vai implicar em economizar mais? Com certeza, se não a matemática não bate. Mas quem quer investir, e ao mesmo tempo comprar um carro, ou uma casa (também é um passivo), então tem que aceitar a dificuldade que terá em trabalhar para os dois. Resumindo, não use em passivos a verba destinada a comprar ativos. Não misture as ideias, pois uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

     Será dos rendimentos oriundos desses ativos que você poderá um dia dizer que "vive do mercado financeiro", ou "vive de juros", e não mais depende de um emprego. Quando seus rendimentos advindos desses investimentos em que você guarda o dinheiro, os ativos, superarem o valor das suas despesas mensais ou anuais, você terá atingido a independência financeira.

     Importante: Esses rendimentos, maiores que suas despesas, precisam ter uma base fixa, ainda que anuais. Não pode ser apenas, ou a maioria, vindos de renda variável. Pois, como o próprio nome diz, a renda variável vai variar. Em um mês você pode ter lucros, em outro prejuízos. Esse ano você pode ter ganhado bem mais que suas despesas, no próximo pode ganhar menos, ou mesmo ter perdas. E aí? Como fazer para pagar as contas? Consumir do capital? Péssima ideia.

     A grande importância de conseguir fazer tudo isso é montar seu patrimônio, pois será a partir dele que você poderá fazer os cálculos de quanto enviar para sua corretora. Não, não é pra enviar tudo para sua conta, isso será mais bem explicado nos próximos capítulos. Mas você só vai saber bem qual é o valor a depositar quando montar seu capital, e souber controlá-lo adequadamente.

     Por que uma parte? Para operamos não precisamos colocar todo o nosso patrimônio na corretora, já que elas nos permitem operar como se tivesse todo o nosso capital lá, sem a necessidade de fazer isso de fato. Esse fenômeno é conhecido como alavancagem, e você estudou muito bem esse assunto no último capítulo (você estudou, não estudou?). Antes de conhecer esse livro, você já deve ter ouvido falar muito mal da alavancagem. Mas agora você entende que se seu operacional for pautado em um rigoroso gerenciamento de risco e uma gestão de capital ideal, então ela será uma tremenda aliada na busca pela independência financeira no trading.

 

CONTROLANDO O CAPITAL

 

     Uma vez com o capital montado, ainda que aparentemente pouco, você precisa manter controle, isto é, registros regulares de como seu capital se desenvolve. Como você aprendeu que deve comprar ativos, usarei como exemplo alguns dos mais famosos, mas em nenhum momento estou recomendando que você invista em qualquer deles. Como diz no início desse livro, aqui não há nenhuma recomendação de onde ou quando investir seu dinheiro. Eu apenas mostro o que existe em termos de ativos no mercado financeiro, e características de cada um. Cabe, portanto, a você, individualmente e por conta e risco próprios, estudar o que achar interessante e escolher onde investir seu capital.

 

Usando Planilhas

 

     A melhor ferramenta a meu ver é fazer o registro através de planilha de controle, como mostrei no orçamento e Fluxo de Caixa. Uma tabela no Excel é mais que suficiente para isso. Separe os períodos (meses, trimestres ou anos) em arquivos ou abas diferentes, e constantemente vá registrando o desempenho de cada um dos ativos presentes na sua carteira.

Essa ‘carteira’ nada mais é que o nome dado ao conjunto de ativos que você decidiu investir e nos quais mantem seu capital aplicado. Por exemplo se alguém decide colocar 20% de seu dinheiro em títulos do tesouro direto, 30% em CDBs, e 50% em renda variável como ações, esses 3 ativos compõem a carteira desse investidor.

 

Fechamentos

 

     A cada período é necessário realizar o balanço dos investimentos. Isso significa que você precisará verificar o saldo final de cada um de seus ativos e qual foi o desempenho deles na sua carteira. Vamos a um exemplo.

     Suponha o investidor “A”, que tem um orçamento no qual recebe de receitas o valor de R$ 3000,00 por mês. Suas despesas somadas totalizam aproximadamente R$ 2.700,00 mensais. Assim, o investidor A consegue planejar poupar 10% de suas receitas, isto é, irá separar R$ 300,00 assim que receber sua renda, e já irá fazer o que chamamos de “aporte”. “Aportar” é quando ele usará esses R$ 300,00 para comprar os ativos escolhidos para fazer parte da sua carteira. Considerando que o investidor do exemplo conseguiu cumprir o planejado por 10 meses, isto é, economizar essa quantia mensalmente, e supondo que deixou tudo na conta corrente, apenas para efeito de considerar um capital fechado, ao final de 10 meses* ele teria R$ 3000,00. Digamos que ele passou esse último ano juntando e estudando, e decidiu que começaria de forma conservadora, aplicando apenas em renda fixa.

 

     *Atenção - Não estou estabelecendo tempos mínimos, no sentido de que você deveria passar um ano apenas juntando e estudando. Fiz essas explicações para que ficasse claro, mas você deve ajustar tudo à sua realidade e tomar suas próprias decisões. O que está aqui é apenas para auxiliar você a entender como funciona uma vida organizada financeiramente e quais são as opções existentes no mercado de ativos.

 

     Vamos considerar que ele decidiu comprar R$ 1500,00 em CDBs e R$ 1500,00 em títulos do tesouro direto, e que fará o controle de seu patrimônio mensalmente. Sua carteira, portanto, ficaria da forma abaixo, no início do primeiro mês após o período montando o patrimônio.

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     A rentabilidade estaria zerada, afinal nenhum mês se passou até esse momento. Agora imaginemos que após 30 dias, na hora de olhar o saldo de seus ativos na corretora, ao final do primeiro mês, ele verificou que o CDB estaria valendo no total R$ 1503,75 e o título do tesouro R$ 1509,00. Mas ele também verificou que em cada um havia taxas e impostos que somados sub totalizavam os seguintes montantes: R$ 0,84 no CDB e R$ 2,02 no Tesouro direto. Assim, seu valor líquido de cada ativo seria o bruto, descontado dos impostos e taxas. Ao final do primeiro mês o fechamento ficaria da seguinte forma.

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     Na imagem acima vemos novas colunas na tabela. Elas são necessárias para o acompanhamento dos lucros e dos impostos com as taxas, pois eles não entram no cálculo da rentabilidade. Ou seja, para saber quanto seu patrimônio está rendendo, é preciso descontar essas despesas do valor bruto, chegando assim ao valor líquido do investimento. Depois, divide o valor líquido pelo valor inicial do período para saber a rentabilidade daquele mês específico, e podemos verificar quanto rendeu cada ativo na carteira.

     Se você visitar o site eusoutraderinvestidor.com, e o canal no YouTube de mesmo nome, você encontrará não só essa e outras planilhas disponíveis gratuitamente, como também vídeos explicativos de como usar o Excel para esses cálculos. Com poucos ativos não é tão difícil fazer tudo na mão, mas quando seu patrimônio fica mais robusto, certamente precisará de ferramentas para te ajudar.

     Veja que apareceu também mais uma linha, pois nosso investidor do exemplo não para de poupar. Esse é o grande segredo, não é porque ele alcançou um capital inicial para começar a investir que ele iria parar de fazer aportes.

 

Guarde bem a informação a seguir.

 

     No início de sua carreira de trader e investidor, em qualquer mercado, é muito mais importante o valor que você aporta em seus investimentos do que a rentabilidade que você conseguirá com eles.

     Essa frase me ajudou muito em minha jornada. Pois quando comecei eu me preocupava demais em conseguir os investimentos mais rentáveis, e esquecia a importância dos aportes, não dava a devida atenção ao que realmente poderia fazer minha carteira ‘alavancar’. Mesmo que saibamos a força dos juros compostos, sabemos que ele não fará nada se não tivermos capital.

     Dinheiro é o combustível do foguete chamado ‘Juros Compostos’. E no início da decolagem dessa aeronave, quanto mais combustível houver, maior, mais forte, e mais longe será o voo. Não se engane, o início é crucial para seu sucesso, e quanto mais você aportar no começo de sua carreira, maiores serão os patamares que seu capital alcançará com os juros compostos. Uma vez com o foguete em órbita, o combustível não será tão importante para grandes voos, será apenas um acréscimo, mas não será mais o grande impulsionador inicial, pois os investimentos e a rentabilidade, após vários anos, farão seu patrimônio crescer sozinho.

     Se você ler e entender a passagem anterior, mantendo-se bastante ciente de sua importância, dará passos largos na sua caminhada até o sucesso, até a independência financeira.

     Vamos voltar à última imagem e destrinchar um pouco as informações contidas no balanço do primeiro mês do investidor A. Você pode ver que ao final do período, além de seus ativos terem valorizado, ele também tinha R$ 300,00 em conta corrente, por exemplo. Esse dinheiro será utilizado na aquisição de ativos, que poderiam ter sido comprados no próprio período em questão, que é o ideal. Eu coloquei em separado apenas para fins didáticos, para que ficasse mais fácil a visualização do princípio que queria trazer aqui, o da importância dos aportes. Mas a partir de agora, todos os aportes seguintes feitos mês a mês serão para adquirir ativos no mês em que for realizado.

     Antes de passarmos para o segundo período do balanço, vamos supor que o investidor decidiu colocar R$ 150,00 em cada investimento, e zerar a conta corrente, fazendo assim seu aporte. O total de cada ativo ficaria, portanto, em R$ 1653,75 no CDB, e R$ 1659,00 no Tesouro, isso considerando o saldo bruto. Veja que a rentabilidade do primeiro mês foi aparentemente baixa, pois eu utilizei no cálculo os juros aproximados da realidade vivida entre os anos de 2020 e 2021. A taxa de juros Selic no Brasil girou em torno de 5% ao ano, e era comum encontrar CDBs pagando entre 100% e 200% desse valor. Já para os títulos do tesouro, uma rentabilidade próxima de 6% não era tão difícil de achar, com vários títulos oferecendo inclusive valores maiores.

     Para exemplos posteriores, utilizarei a taxa Selic de 2022, a qual teve um aumento significativo, indo para 13,25% ao ano em meados daquele período. Isso servirá para você entender como os rendimentos, apesar de renda fixa, podem se alterar com o tempo, tendo mudanças significativas. Aqui o “fixo” é o fato de recebermos esses rendimentos regularmente, podendo sim escolhermos ativos com uma rentabilidade estabelecida, sem alterações, mas sendo o mais comum essa rentabilidade variar conforme a taxa básica de juros, que é o mais comum para aplicações conservadoras.

     Pois bem, nosso investidor finalizou o primeiro mês ganhando R$ 9,89 de lucro líquido, e agora ele tem um capital de R$ 3309,89. Para o cálculo correto da rentabilidade, é preciso diferenciar duas situações, com aportes e sem aportes.

     O ideal é sempre aportar, como você já aprendeu. Mas antes de entrarmos no cálculo da rentabilidade com esse envio de dinheiro novo, vamos entender de maneira simples como é o cálculo da rentabilidade sem aportes. É bastante simples, pois basta dividir o lucro líquido (descontado taxas e impostos) pelo valor inicial do investimento. Assim, se o CDB começou o primeiro mês valendo R$ 1500,00, e finalizou valendo R$ 1502,91, o lucro foi de R$ 2,91. Dividindo R$ 2,91 por R$ 1500,00 (valor inicial), temos:

 

R$ 2,91 / R$ 1500,00 = 0,00194

 

Basta multiplicar por 100 para saber em termos percentuais. Logo:

 

0,00194 * 100 = 0,194%, como pode ser visto na tabela.

 

O cálculo do título do tesouro segue o mesmo princípio.

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A planilha arredondou para a segunda casa decimal, ficando respectivamente 0,19% e 0,47%.

 

Se não fossem feitos mais aportes, o cálculo seria esse a cada período. Porém, como você já ficou bem esclarecido, é crucial permanecer poupando e aportando em seus ativos na carteira, e de maneira regular.

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